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A Festa da Congada, patrimônio cultural imaterial de Uberlândia, com 143 anos de história, teve fim no dia 14 de outubro, mas as cores dos 25 ternos e as cenas recheadas de fé, batuque e dança podem ser vistas por mais um mês, na exposição “Cores do Congado”. Os trabalhos de Sérgio Rodrigues e Flaviane Malaquias, com a participação do artista Glayson Arcanjo, trazem desenhos, pinturas, colagens fotografias e uma instalação com chapéus coloridos. Algumas dessas obras são resultado do trabalho desenvolvido com alunos da Escola Estadual Professor Inácio Castilho e do Colégio Nacional. Com a curadoria do próprio Sérgio Rodrigues, a mostra pode ser vista até o dia 20 de novembro na ITV Cultural, com entrada gratuita.
A ideia, de acordo com Rodrigues, surgiu da vontade de unir os trabalhos de artistas com as produções de alunos, com um olhar sobre as expressões culturais de Uberlândia. Na instalação “Chapelaria do Congado”, Rodrigues se baseou em sua pesquisa artística sobre a visualidade do carnaval, para estabelecer um paralelo com os adornos utilizados pelos congadeiros. E realizou com seus alunos do Colégio Nacional a confecção de chapéus, decorados com pedrarias, tecidos, flores e fitas, em homenagem aos grupos de Congado da cidade, representados em suas cores. “Eu foquei na materialidade com a qual são ornamentados os chapéus do Congado, que é basicamente a mesma das fantasias e alegorias dos desfiles de carnaval, e como isso pode ser visto como pintura. Foi também exercício para os alunos pensarem em como usar diferentes materiais para compor uma imagem”, disse o artista e arte-educador, que ainda expõe fotografias tiradas por ele nos últimos 4 anos de festa, sempre com enfoque nos chapéus.
Já a artista Flaviane Malaquias, que também é professora de artes das redes Municipal e Estadual em Uberlândia, abordou a temática por uma outra perspectiva, já que muitos dos seus alunos do ensino médio são também integrantes do Terno Estrela Guia. Dessa troca de experiências, surgiram pinturas feitas com recortes de papel e adesivo vinílico a partir das silhuetas de personagens do Congado, obtidas por meio de fotografias feitas durante a festa. “Eu levei imagens que eu mesma fotografei, e a partir delas, eles fizeram as silhuetas. Um processo semelhante ao meu trabalho como artista visual. Foi bem interessante, pois tenho alunos que fazem parte de ternos de Congado, que inclusive levaram alguns instrumentos musicais para a escola e falaram para os outros estudantes sobre suas vivências nessa manifestação cultural”, contou a professora.
Outra discussão proposta com a temática da exposição é em relação à diversidade. Como os trabalhos foram desenvolvidos em dois contextos diferentes, em uma escola pública de periferia e outra particular, a intenção é que as artes de ambas dialoguem. Por isso, após a mostra na ITV Cultural, a intenção dos artistas é que as obras passem também pela Escola Estadual Professor Inácio Castilho e pelo Colégio Nacional. “O interesse pela arte e pela cultura é uma construção. Se você não nasce naquele ambiente, você tem que ter uma formação que desperta seu olhar para isso. Eu acho que este é um papel que a escola deve cumprir”, disse Rodrigues.
SERVIÇO. A exposição “Cores do Congado” está em exposição na ITV Cultural, na avenida Getúlio Vargas, 869, Centro, até o dia 20 de novembro, e é aberta a visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, com entrada gratuita.